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O que vivemos é um tesouro que nunca se apaga da memória, mas é o que não construímos que nos entristece e mata.


Luta e lutarei também


Se queres voar, voa, mas levas a minha felicidade contigo. Se queres fugir, foge, mas o meu olhar prender-se-à no horizonte em que te perder de vista. Esperarei o teu regresso. Ficarei paralisado, imóvel com o olhar fixo e a mente congelada no pensamento que te pertence. Há muito que já voaste das minhas mãos e só agora eu me apercebi que realmente te perdi. É triste quando vemos que nem sempre o nosso remar contra a maré é o suficiente. Sem eu querer, afastavam-me de ti. Deixava os meus sonhos fluir para um mundo que desconhecia. Sempre esperei que por lá os encontrasses e mos devolvesses junto contigo. Que mos trouxesses tal e qual como quando te, e os deixei ir. Tu sempre soubeste tomar muito bem conta de mim e de tudo o que me pertence. Sempre acarinhaste todos os meus feitos como se de teus se tratassem. Sempre lutaste da mesma frente que eu, a meu lado, como se fossemos uma equipa. E mesmo que não vencêssemos, erguíamos as mãos à vitória e embora soubéssemos que o prémio não nos pertencia, sentíamos-nos felizes e realizados por termos lutado juntos até ao fim. A verdade é que considerava esta amizade como um amor que sempre pensei ser infinito. Eras a minha caixinha dos segredos. Sabias de tudo. E foi exactamente esse tudo que no meio de tanta distância se perdeu. A vitória de união que tempos antes tínhamos festejado, havia desaparecido. Nada restava de ti à minha volta. Aquele escudo que quando era mais novo me rodeava, me fortificava e me tornou no homem que hoje sou, tinha sido quebrado pela arma mais mortífera: a distância. Aquela distância que unida ao tempo provoca feridas na pele, dor no coração, ausência na totalidade do meu corpo. Eu gritava o teu nome no meu interior, sofria por te ter perdido, chorava noites infinitas por saber que não te tinha ao meu lado, mas o orgulho frio era a única coisa que sabia transmitir. Errei. Sim, eu sei que o fiz. Sou humano, feito de carne e osso, recheado de sentimento e também posso errar. É um dos poucos direitos que ainda nos resta. Lamentar não é solução, mas é um principio. Hoje, senti-me na obrigação de te pedir Desculpa por tudo isto que tanta dor nos causou. Luta e lutarei também por uma uma amizade que sinto ainda não estar terminada. Ainda não te disse tudo, ainda não sabes de tudo ...

Quando morreres, eu morrerei contigo.

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